Sentei-me em frente à Matriz de Santana, encostado numa pilastra do canto. O sol batia em minhas costas e no prédio em frente as sombras das pilastras pareciam-me os Profetas do Aleijadinho.
O zelador da Igreja abriu as janelas do coro . Num pensamento bobo fico esperando a Igreja cantar. Bobagem mesmo... Ele retirou das janelas duas casas de marimbondos. O relógio da Igreja marca cinco para as cinco. As sombras começam a envelhecer e a diminuir de tamanho, aproximando-se uma das outras para se unirem numa única profecia.
Escrevo à medida que o sol enfraquece, à medida exata dos sentimentos das coisas. Agora passa um cachorro apressado como se atrasado para um encontro ou como se fosse o Coelho de Alice. Por que os cachorros andam apressados?
De onde estou posso ver a Mata do Amador modificando-se no claro-escuro do sol. Passa um carro justamente quando o relógio bate cinco horas. Atrapalhou-me a ouvir o tempo dizer: Cinco a zero para mim, Saulo!
Agora quem passa é o Sr. Bento. Canta aquele vento frio... As andorinhas pousarão no fio do pára-raios e depois sumirão para o mistério dos seus ninhos. Quando de fato anoitecer, as mariposas terão um encontro marcado em torno da luz.
Uma criança passa cantando uma canção que não sei. Agora já está na Praça, mas a melodia ficou cá em cima para eu aprender.
Quanto não acontece num breve espaço de tempo! As sombras já não mais existem. Perdi outra profecia... Algumas luzes a mais acesas no Asilo e as andorinhas darão lugar às mariposas. Mas eu? A quem darei meus olhos interioranos, meus sentimentos caipiras? Quem velará pelas sombras e saberá do turno das andorinhas e mariposas? Eu que nada sei, volto para casa como o céu rosado sobre a cabeça... Piraí. Como bem diz o seu Hino: "... Pequeno gigante!".
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