domingo, 13 de março de 2011

ESCOLHAS E RENÚNCIAS



Missa dominical, Igreja de Santa Therezinha, Santanésia. Padre Joaquim recordou-nos, com simplicidade e inteligência, que cada escolha representa também uma renúncia e que, tudo querer, é infantilidade. Se escolhemos estar aqui agora, renunciamos a estar lá. Discorreu, também, sobre sabedoria e cultura. Dizia: a cultura vem dos livros, a sabedoria, da vida. Esta é a razão de existirem tantos sábios incultos e tantas pessoas cultas, porém, sem sabedoria.
Sabedoria deriva, etimologicamente, de sabor. Sabe aquele que sente o sabor. E é aqui que eu quero chegar. Quantos de nós conhecemos a Deus apenas pelos livros, culturalmente, e quantos conhecemos a Ele porque O saboreamos? “Provai e vede quão suave é o Senhor”, diz a Palavra. Vejo tanta gente pregando um deus conceitual, feito de capítulos e versículos decorados, um deus “feito à imagem e semelhança” de quem o propõe. Invariavelmente um deus vingativo e rancoroso, um deus sectário e pouco misericordioso, um “deus” que não é “Deus”.
John Lennon, em sua música God, diz que “Deus é um conceito pelo qual medimos a nossa dor.” Deus não é um conceito, John, mas, de fato, queremos fazer Dele isso: uma idéia, um abstrato. Queremos transformar Alguém em algo e, assim, manipulá-Lo à guisa dos nossos frágeis e inconstantes nervos. Se estou triste, Deus para mim é isso; se estou alegre, Deus para mim é aquilo; se estou nessa igreja, se estou naquela...
Deus não está em “várias versões” – light ou diet - numa prateleira, à venda, conforme os impulsos de nosso consumismo sentimental. Não. Deus é Deus. O mesmo ontem, hoje e sempre.
Interessante o fato de Jesus Ressuscitado manifestar-se com as marcas do Crucificado. O que foi posto numa cruz é o mesmo que ressuscitou. Não é outra pessoa. Não dá para aceitar o Ressuscitado sem também o Crucificado e vice-versa. Cruz e Glória se fundem na pessoa do Cristo. Humanidade e Divindade.
É preciso escolher a Deus, escolher o Bem, integralmente, sem subterfúgios. E essa é a grande escolha de nossas existências.
Escolhas e renúncias. Assim é tecida a trama de nossas vidas.

Grande abraço,

Saulo Soares