segunda-feira, 7 de junho de 2010

POSE DE BANDIDO


Conversando sobre as drogas, em especial o que se ouve dizer sobre elas em Piraí (em todo Piraí), retomo aqui algumas reflexões – algumas já publicadas - sobre o assunto: drogas, educação, religião e seus entrelaces.
Em artigo publicado na Revista de Domingo, de O Globo, intitulado “Pose de bandido”, Martha Medeiros chama nossa atenção sobre a atração que a “estética das gangues” exerce sobre a juventude, de um modo geral. Diz ela: “Temos sido vítimas não apenas de marginais profissionais, com Phd em maldade, mas também de garotos mimados que aceleram seus carrões sem medir conseqüências, que tomam decisões estúpidas por pura falta de orientação, que se metem em encrencas pesadas porque, se saltarem fora, temem ser considerados fracos, babacas. Não percebem que não há babaquice maior que fazer pose de bandido. [...] Ninguém mais quer ser da turma dos mocinhos. Por quê? O pessoal do bem anda precisando de uma boa assessoria de marketing.” Eu incluiria no texto: “filhinhos de papai” que espancam domésticas em pontos de ônibus, queimam índios e tantas tristezas mais ...
Como estamos criando nossos filhos? Para uma pose de mocinho ou de bandido? Para um belo quadro na parede ou para uma triste manchete de jornal?
Rafael Cifuentes – no caderno “Grandeza de coração”, da Ed. Quadrante – transcreve a seguinte carta de um delinqüente juvenil alemão aos seus pais e a todos os pais. Inclusive nós, pais Piraienses. Diz o seguinte: Porque vocês são fracos no bem, deram-nos o nome de fortes no mal... Com seu “não” vacilante, disseram-nos “sim”, a fim de pouparem seus frágeis nervos. E a isso deram nome de “amor”. Porque são fracos, compraram de nós o seu sossego. Quando éramos pequenos, davam-nos dinheiro para irmos ao cinema ou comprarmos sorvete. Com isso, estavam prestando um serviço, não a nós, mas à sua própria comodidade, porque são fracos. Fracos no amor, fracos na paciência, fracos na esperança, fracos na fé. Estaríamos dispostos a crer em Deus, no Deus infinitamente bom e forte, que tudo compreendesse e de nós esperasse que fôssemos bons, mas você não nos mostraram um só homem que fosse bom por crer em Deus... Em vez de nos ameaçarem com bastões de borracha, coloquem-nos frente a frente com homens de verdade, que acreditem em Deus e que nos mostrem o caminho certo... Porque vocês são fracos no bem, nós somos fortes no mal.”
Não dá para se colocar todo o peso desta cruz somente sobre os ombros dos pais. Mas parte, sim. Sei que é difícil e que muitas coisas fogem ao nosso controle e atenção. Há também, obviamente, a parcela da sociedade, do Estado, do restante do “pessoal do bem”, etc.
Todo pecado é uma busca desordenada pela felicidade, não é mesmo? O filósofo Kierkegaard diz que o indispensável é o Absoluto. Talvez estejamos preocupados em fornecer aos nossos filhos bens e benefícios importantes, mas relativos, não absolutos. O Bem, e tudo o que dele decorre, este sim é o indispensável Absoluto.


Grande abraço,