sexta-feira, 11 de maio de 2012

VASOS CHEIOS, VASOS VAZIOS




     Há uma bela canção do grupo Vencedores por Cristo que diz: “Enche-me, Espírito, mais que cheio quero estar. Eu, o menor dos teus vasos, posso muito transbordar.” A imagem da pequenez que transborda me é simpática. Quantos de nós consideramos que apenas alguns “grandes vasos” contribuem, fazem a diferença. Não. O menor, o vaso menor, por não reter tanto para si é capaz de muito transbordar.
     Sobre vasos, ainda, na internet a bela estória: um camponês tinha dois vasos que utilizava, cotidianamente, para buscar água para sua família. Um em cada ponta da vara trazida aos ombros. Um velho, outro novo. O vaso novo dirigiu-se ao velho dizendo: “Você é velho, rachado. Não consegue reter a água que recolhe. Quando chegamos em casa, ainda estou cheio. Retive a água. Já você... chega quase vazio!” O vaso velho, então, respondeu: “Mas você não reparou que o meu lado do caminho é muito mais florido!” Que maravilha! Enquanto a água vazava através das rachaduras feitas pelo tempo, regava o caminho e gerava beleza e vida!
     Há uma cultura que valoriza apenas aquele que produz. Que tem boa performance. Se não é produtivo, não tem valor. Descarta-se. Pena... Devemos, mais do que quantificar a produtividade, qualificar a produtividade. Não somos o que produzimos, somos o que somos em nossa dignidade: irmãos uns dos outros, pois filhos de Deus!
   Esta cultura (de morte) pretende incutir na sociedade um modelo de pensamento que, exemplificando, não dá valor aos idosos, aos enfermos que, para ela são “improdutivos”. Que considera – com pretextos e argumentos ímpios – descartáveis os bebês ainda não nascidos. Ora, deixemos seguir o seu curso e veremos que daquele ventre não nascerá um abacate e, sim, um ser humano, tão humano quanto nós, porém, extremamente mais frágil e indefeso.  São estágios de uma mesma vida e personalidade.
      Mais uma estória: um monge dirige-se ao Mestre e reclama: “Mestre, por mais que eu leia a Palavra, não consigo retê-la... leio e me esqueço... leio e me esqueço.” O Mestre pede que ele encha e esvazie o mesmo vaso diversas vezes. Diante do vaso vazio lhe diz: “Este vaso não reteve a água que você colocou nele... porém ele está cada vez mais limpo!
     Já citei, em outras oportunidades, este verso do poeta cubano Sylvio Rodrigues, mas vale repetir: “Meu amor não aceita fronteiras, como a primavera não escolhe jardim.”     
     Seguir, como aquele vaso que sofreu rachaduras, desilusões, tristezas, decepções, e que, no entanto, sai a florir o seu caminho. Agir como o pequeno que transborda o amor que recebe. Encher-se de amor e esvaziar-se em doação e cada vez ficar mais limpo. Mirar-se na cruz Daquele que nos redimiu em seu amor que salva e ressuscitou para nos dar a Verdadeira Vida. Que Deus nos ajude a perseverar!

                                                                               Grande abraço!