quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O HUMANO DESCARTÁVEL



O disco de vinil está de volta! Li, na coluna do Veríssimo que descobriram que as gravações em vinil eram superiores às digitais, em matéria de fidelidade sonora, em relação à reprodução dos harmônicos (???). Li, também, que a câmera digital não possui a qualidade do filme fotográfico, no que se refere à resolução e qualidade de imagens. Somente quando as digitais atingirem os 20 megapixels se igualarão às convencionais, dizem.
Mas porque digo isso? Às vezes, engolidos pela onda veloz da modernidade e do avanço tecnológico, pelos apelos do Marketing (exímio conhecedor da concupiscência humana) e pela sede voraz do Capital, descartamos o que ainda de bom e proveitoso há. Vivemos na era do descartável.
Mas quero ir adiante. O programa Café Filosófico, da TV Cultura, trouxe como tema “A volta do sagrado: superando a crise” – com a participação, dentre outros, do Rabino Nilton Bonder e do jornalista Eugenio Bucci. O Rabino trata do seu livro “A alma imoral”. De suas palavras – além da interessante “inversão” dos conceitos de corpo e alma - guardei a afirmação de que os judeus, espalhados pelo mundo, para se manterem coesos – como no espaço era impossível pela dispersão – utilizaram-se do tempo. Disse ele: ...”quando as três primeiras estrelas surgiam no céu, anunciando a chegada Sábado, os judeus, pelo mundo afora, uniam-se." Não tinham o espaço em comum, mas tinham o tempo. Tinham a alma.
O jornalista Eugenio Bucci falou sobre o “Humano descartável”. Começou pelo filme Matrix – ficção onde o ser humano serve como de fonte de energia para as máquinas – passou por Darwin e o Evolucionismo (destacando que a Teoria da Evolução seria uma justificativa para os moldes do Mercado Capitalista “`Predador”), por Richard Dawkins e a evolução do gene (seríamos apenas meios de transporte para os tais genes que, comandariam a “verdadeira” evolução e que, por fim, chegando onde pretendem, descartariam o humano) até a perpetuação do Capital e o fim do homem como hoje se entende. Complicado, não?
Pois é. Mas, de fato, cabe-nos uma pergunta: quanto o humano, hoje em dia, é descartável? Quanto descartamos da humanidade nos relacionamentos e nos valemos da virtualidade, da impessoalidade? Diferentemente dos judeus na Diáspora, perdemos o espaço e o tempo. A corporeidade e a alma. Não percebemos que, no descarte do “outro”, descartamos a nós mesmos, descartamos o “homem”. Não creio que a isso possa se chamar de “evolução”.
Se a Revolução Industrial tirou parte do trabalho dos músculos e o transferiu para as máquinas, a nova sociedade do conhecimento pretender fazer o mesmo com o labor do cérebro. Se o resultado disso fosse uma sociedade mais justa... Mas, não. Mais adiante – com corpo e mente “mecanizados” – o que mais será? As emoções? Os sentimentos? A alma?
Precisamos redescobrir nossa humanidade. Não somos “periféricos” de um “sistema”, “acessórios” de um “principal”. Somos homens e – literalmente – graças à Deus o somos!

Grande abraço,