Perdemos
o Sr. Farid... Que pena! Entretanto, o perdemos para Deus: então ganhamos. Sentirei falta de seu inconfundível bom
humor. Ah... O Sr. Farid era o tipo de pessoa que caminhava com um gratuito
sorriso no rosto. Pronto a distribuí-lo generosa e largamente aos transeuntes e
amigos. Era meu leitor. Confessou-me certa vez. Muito me orgulhou!
Trazia consigo sempre uma anedota. Judeu, árabe,
papagaio, português. Não importava; o que realmente valia era transmitir a
alegria. O repertório era farto e, nós nos esbaldávamos. Quando ria quase não
emitia som: as bochechas avolumadas pela graça, os olhos lacrimejantes pelo
riso... Ríamos com o riso dele! É. É isso.
Como
nos fará falta! Quando soube de sua Passagem para o Senhor, fiquei imaginando
ele chegando ao Céu. O Céu, amigos, não é “lugar” de mau humor e azedumes,
não! Perfeito para o Sr. Farid!
São
Pedro o avista, aperta e esfrega os olhos e diz esbaforido: “Senhor, Senhor, eu
acho que é o Farid! Que faço?” E já se nota no canto da boca do Salvador da
Humanidade nascer um sorriso divino. Mão no queixo, cabeça balançando
suavemente em concordância e satisfação, se volta para o Guardião das Chaves e
diz apressadamente: ”Como: o que faço?! Abre logo, Pedro, as portas, que eu e
abro os braços! Meu querido amigo vem participar da nossa Alegria!
Sr.
Farid vem chegando, cada vez mais perto, e Pedro o recepciona. Pigarreia
primeiro – hum, hum – manda dois anjos tocarem em terça um tã-nã-nã-tã-nã nas
trombetas e, com ares solenes e celestiais diz quase solfejando em barítono:
“Seja bem vindo, Farid; o Senhor te espera!” Ao que nosso saudoso e querido
amigo retruca: “Pedrão, conhece aquela da Festa no Ceú...”
Ah...
Depois de sua Páscoa definitiva, encontrei-me com algumas pessoas: Carlinhos do
Seu Zezé, Mackenzie, e outros tantos mais: todos se lamentando...
Esta
é a minha homenagem. Não poderia ser de outra forma. Não poderia trazer a
tristeza dos obituários. Não, por certo, não... Precisava, sim, renovar a
alegria que ele nos presenteava cotidianamente.
À
sua família: meus sentimentos e,
principalmente, a certeza e a esperança dos que creem em Cristo: a fé na Ressurreição.
Um dia todos estaremos juntos! Sorrindo,
alegres de uma Alegria que nada, nem mesmo mais a morte, poderá nos roubar!
Grande abraço,
Saulo Soares.