Uns olhos sedentos de um colírio que, em tempos de
delírio, inventei.
Trago o que sei e o que não sei... ainda.
No bolso - o
eu-moço - e uma mensagem indecifrável (e
linda).
Trago, num largo poço do peito, um laço e um nó
desfeito,
O verde da Amador
e as andorinhas pousadas no fio.
Trago e os ofereço aos homens de toda a Terra,
Ao que acerta e ao que erra, as águas do meu rio.
Trago, de fato, a certeza de que em cada cidade
Habita um pouco de mim: (hei de encontrar-me
inteiro!)
Trago um
não, um sim,
A beleza de um setembro e o calor de um janeiro.
Trago a crença de que o mundo é um só
E de que todos somos irmãos.
Trago o pão que, partido, une,
Que não pune por ser diferente,
Trago pão que se faz gente,
Trago gente que se faz pão.
Trago a mim e meu solitário caminho,
Trago o meu mundo para o mundo todo,
E o mundo todo pro diário do meu ninho.
Em Piraí ou noutro lado do planeta,
Entôo minha opereta, meu canto diverso, profundo,
vago e verdadeiro:
O mundo é minha casa e minha casa é o mundo
inteiro.