Pois a memória cobra um preço exorbitante: quanto mais
passam os dias - obra ofegante! - Mais o que era perto se faz distante...
Escrevo
porque me canso,
Pois não
alcanço o tempo que passou. Escrevo porque vou...
Escrevo
porque sou lento,
Porque
leve o vento leva, porque chove, porque neva... cá dentro.
Escrevo
porque me curvo, porque me turvo, porque não sei.
Escrevo
porque hei, porque que um dia fui. Escrevo porque dilui...
Escrevo,
pois me espera a morte e me chama à vida. Escrevo porque que é ferida...
Escrevo,
pois quer queira ou não queira, um dia, na noite derradeira... não mais
escreverei.
Saulo
Soares