Perguntado se guardava pipoca de um dia para o outro, Álvaro, o lendário pipoqueiro de Piraí sentenciou: “Não dá. Vira isopor.” É verdade... Certas coisas em nossas vidas são como as pipocas: deixadas de um dia para o outro, viram isopor, perdem o sabor, ficam sintéticas. Outras não. A sabedoria está, precisamente, em distinguir uma das outras. É tarefa difícil, Hercúlea, encontrar o equilíbrio entre o antecipado e o atrasado: o tal “melhor momento”... Se antecipamos corremos o risco de sermos tidos como afobados, sem perseverança e impacientes. Em tempo: ouvi a seguinte frase que achei muito pertinente: a teimosia é uma degeneração da perseverança. Mas continuemos: se postergamos, podemos nos assemelhar ao zagueiro que perde o tempo da bola, chega atrasado, faz falta grave e toma cartão vermelho. Fora do jogo. Perdemos a vez. Por pouco...
Há algum tempo li uma crônica que se chamava exatamente “Por pouco”. Por pouco não fiz isso, não conquistei aquilo, não fui para tal lugar, não disse aquele “sim”...Enfim, uma ladainha de oportunidades perdidas... por pouco. Mas deixemos de lado, por ora, os “por pouco” e voltemos às pipocas.
Vira isopor, sem sal e sem sabor, o abraço que deixamos de dar nos pais, o perdão que não pedimos ou não concedemos, a palavra amiga e precisa a qual recusamos ouvir ou dizer. Vira isopor o “basta” que não demos diante de uma situação de humilhação e vilipêndio. Vira isopor o curso que deixamos de concluir, o novo idioma a aprender, a viagem a fazer. Vira isopor tudo isso e muito mais.
Originalmente, esta crônica se chamava “A alquimia da pipoca”. Claro, eu a tinha escrito sobre um outro aspecto, há muitos anos, bem mais jovem. Reescrevi. O “vira isopor” pretendia ser apenas um desfecho bem-humorado para o texto. Saudosismos à parte, o título original tratava de uma transformação, de uma alquimia. Ocorreu-me que, mais do que nossos gestos e palavras transformarem-se, como as pipocas, isopor, nós mesmos podemos ser vítimas desta maldição. E o pior, de uma dupla maldição: dos “por pouco” e dos “vira isopor”. Além de perdermos o tempo certo (vira isopor), ficamos nos lamentando por toda vida o desfecho de nossas escolhas (por pouco). E o passado se torna um amargo presente e não conseguimos nos livrar dele. Gruda feito carrapato e torna-se uma enfadonha e lamuriosa recorrente em nossas vidas.
Mas, há um jeito, uma esperança. Sempre há. Tão difícil como encontrar o tal melhor momento, mas possível. Trata-se de, como esta crônica, reescrever nossa vida. Não deixar para depois o bem a se fazer hoje. Santa Terezinha de Jesus dizia algo de suma importância: “...só tenho hoje para amar, só tenho hoje, ó meu Deus! Só tenho hoje para dar todos os sonhos meus.” (Adaptação A.C. Santini) . Algum de nós – por mais rico ou sábio que seja – tem posse ou domínio do passado ou do futuro? Ou pode acrescentar um minuto à sua vida, como diz Jesus?
O Pipoqueiro e a Santa tem algo em comum: a urgência. Urge – e é para hoje – vivermos! Ou, como diz o Evangelho: a cada dia basta sua preocupação... o pão nosso de cada dia nos daí “hoje”. Ou ainda o Maná no deserto que era a porção diária necessária, se se guardasse um pouco para amanhã, perdia-se, estragava-se. Como dizia Renato Russo:”...é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...porque na verdade não há.”
O poeta Vinícius de Moraes tem uma frase interessante: “Meu tempo é quando.” Parafraseando-o, poderia dizer: “Meu tempo é hoje”. E você? Quando é seu tempo? Ontem? Amanhã? Ou o hoje que nos iguala e nos permite realizar bem o “Bem”?
Para finalizar, outra frase, esta de São Pio de Pietrelcina:” Ó, Senhor! O meu passado à Tua Misericórdia, meu presente ao Teu Amor, meu futuro à Tua Providência!” Belo lema para se viver. Hoje.
Grande abraço,
Saulo Soares
Há algum tempo li uma crônica que se chamava exatamente “Por pouco”. Por pouco não fiz isso, não conquistei aquilo, não fui para tal lugar, não disse aquele “sim”...Enfim, uma ladainha de oportunidades perdidas... por pouco. Mas deixemos de lado, por ora, os “por pouco” e voltemos às pipocas.
Vira isopor, sem sal e sem sabor, o abraço que deixamos de dar nos pais, o perdão que não pedimos ou não concedemos, a palavra amiga e precisa a qual recusamos ouvir ou dizer. Vira isopor o “basta” que não demos diante de uma situação de humilhação e vilipêndio. Vira isopor o curso que deixamos de concluir, o novo idioma a aprender, a viagem a fazer. Vira isopor tudo isso e muito mais.
Originalmente, esta crônica se chamava “A alquimia da pipoca”. Claro, eu a tinha escrito sobre um outro aspecto, há muitos anos, bem mais jovem. Reescrevi. O “vira isopor” pretendia ser apenas um desfecho bem-humorado para o texto. Saudosismos à parte, o título original tratava de uma transformação, de uma alquimia. Ocorreu-me que, mais do que nossos gestos e palavras transformarem-se, como as pipocas, isopor, nós mesmos podemos ser vítimas desta maldição. E o pior, de uma dupla maldição: dos “por pouco” e dos “vira isopor”. Além de perdermos o tempo certo (vira isopor), ficamos nos lamentando por toda vida o desfecho de nossas escolhas (por pouco). E o passado se torna um amargo presente e não conseguimos nos livrar dele. Gruda feito carrapato e torna-se uma enfadonha e lamuriosa recorrente em nossas vidas.
Mas, há um jeito, uma esperança. Sempre há. Tão difícil como encontrar o tal melhor momento, mas possível. Trata-se de, como esta crônica, reescrever nossa vida. Não deixar para depois o bem a se fazer hoje. Santa Terezinha de Jesus dizia algo de suma importância: “...só tenho hoje para amar, só tenho hoje, ó meu Deus! Só tenho hoje para dar todos os sonhos meus.” (Adaptação A.C. Santini) . Algum de nós – por mais rico ou sábio que seja – tem posse ou domínio do passado ou do futuro? Ou pode acrescentar um minuto à sua vida, como diz Jesus?
O Pipoqueiro e a Santa tem algo em comum: a urgência. Urge – e é para hoje – vivermos! Ou, como diz o Evangelho: a cada dia basta sua preocupação... o pão nosso de cada dia nos daí “hoje”. Ou ainda o Maná no deserto que era a porção diária necessária, se se guardasse um pouco para amanhã, perdia-se, estragava-se. Como dizia Renato Russo:”...é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...porque na verdade não há.”
O poeta Vinícius de Moraes tem uma frase interessante: “Meu tempo é quando.” Parafraseando-o, poderia dizer: “Meu tempo é hoje”. E você? Quando é seu tempo? Ontem? Amanhã? Ou o hoje que nos iguala e nos permite realizar bem o “Bem”?
Para finalizar, outra frase, esta de São Pio de Pietrelcina:” Ó, Senhor! O meu passado à Tua Misericórdia, meu presente ao Teu Amor, meu futuro à Tua Providência!” Belo lema para se viver. Hoje.
Grande abraço,
Saulo Soares