É noite na mente escura.
Nada escapa aos dentes dessa
matilha,
Ao escalpo dessa faca,
Ao frio dessa paura.
Cães ladram, lobos uivam:
As ruas são sua ilha de inexata
proporção.
O som das patas do relógio, o
tempo, à unha, marca:
Ninguém se desvencilha desse necrológio (como se supunha),
E a morte os sonhos em naufrágios
abarca.
Cães ladram, lobos uivam:
O medo paga o óbolo ao silêncio.
A cada passo (será que ouço?) que
sussurra no lóbulo pênsil a madrugada,
Do fundo do poço urra um vento inerte uma triste gargalhada.
Cães ladram, lobos uivam:
Cães ladram, lobos uivam:
Mas, eis que vejo a luz do dia
que amanhece!
Um pavio aceso num rosário, um sol de preces a afugentar os cães!
Ó, vãs noites! Ó, incerto
itinerário que oferecem as sangrentas noites vãs!
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